domingo, 14 de junho de 2009

Rousseau I: Sobre as Ciências e as Artes

Só quem leu o Discurso Sobre as Ciências e as Artes sabe a coragem do autor em enviar para o concurso da Academia de Ciências de Dijon, para o concurso sobre o tema “Contribuiu o restabelecimento das ciências e das artes para o aperfeiçoamento dos costumes?”. Ilude-se quem imagina encontrar sequer um elogio às ciências ou às Artes, pois ambas são massacradas pelo autor como responsáveis pela inércia e ignorância humanas. Aliás, é uma verdadeira apologia da ignorância. “A arte amolece o espírito e corrompe a sociedade. Mais vale conquistar o mundo do que ser um mundo de arte”, diz Rousseau (p. 213-14). Ressalta que as grandes civilizações caíram quando passaram a dedicar-se às artes e ciências (Egito, Grécia, Roma); crítica a filosofia, dizendo que ouvindo os filósofos os tomaríamos por um bando de charlatães (p.228). Fala mal nitidamente do próprio iluminismo: “Deus todo poderoso! Tu que tens nas mãos os espíritos, livra-nos das luzes e das artes funestas de nossos pais, e dai-nos a ignorância, a inocência e a pobreza” (p. 229). Desacredita os mestres dizendo que os grandes gênios destes não precisaram, e que o ensinamento de um iria apenas limitar um bom pensador (p. 229). Por fim, por esses trechos é possível visualizar como confrontou aqueles que o deram o primeiro prêmio e exorta a virtude como única arte e ciência que o homem deve seguir.

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