sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Quem vê o quê?

REIA-BATISTA, VITOR, Quem vê o quê? TV no âmbito da literacia dos media, Comunicar; 2008, Vol. 16 Issue 31, p427-429, 3p

Resumo:

O texto de Vitor Reia-Batista trata sobre o papel da intelectualidade portuguesa e de seus conflitos e confrontos com as mídias de comunicação, em especial a televisão, para que melhorem os conteúdos abordados por este veículo midiático junto aos jovens. Segundo Reia-Batista, nos últimos anos tem-se desenvolvido algum debate público em torno dos diferentes papéis da televisão junto de alguns dos setores mais jovens da população, seja enquanto meio prioritário de entretenimento, seja enquanto meio privilegiado de informação, seja ainda enquanto possível meio de aprendizagens, ou mesmo enquanto simples (ou bastante complexa) «baby sitter» [termo do autor que colocarei como babá ao longo da atividade]. Este debate, que a seu tempo foi de certo modo promissor pelo fato de se ir estabelecer no panorama televisivo uma nova entidade reguladora, acabou por se esvair e não contribuir grandemente para qualquer conhecimento mais aprofundado do problema. O autor defende ainda que as potencialidades que a comunicação e a televisão possuem para abordar os seus temas de maneira alienante e vazia diante dos jovens, podem ser desenvolvidas de maneiras distinta e em prol de uma nova sociedade e de um novo adolescente. Porém, vale ressaltar que esse debate dá-se de maneira acadêmica em direto confronto com o veículo televisivo.

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Antes de mais nada, vamos ao tema do meu trabalho. Procuro analisar os Festivais Internacionais da Canção da Globo (FICs) entre 1968 e 1972. Um caminho que inicialmente tomarei será trilhado pela Escola de Framkfurt, utilizando-se do conceito de Indústria Cultural, de Theodor Adorno e Max Horkheimer; a idéia de recepção de Walter Banjamin; e da televisão como veículo híbrido (Canclini e Burke); atualizados por Debord em sua obra A Sociedade do Espetáculo.
Desta maneira, o artigo de Vitor Reia-batista vem ao encontro desta pesquisa já que considera que a televisão proporciona uma experiência coletiva e cria laços sociais entre diversas comunidades e setores populacionais de diferentes características sociais, étnicas e etárias, é necessário, segundo Reia-Batista, que a televisão crie narrativas que possam ser consideradas úteis e que possam agregar valores na vida quotidiana dos telespectadores.
Ao se considerar o potencial cognitivo e estético do meio televisivo, o autor demonstra que as narrativas televisivas predominantes podem ser úteis em diferentes sentidos, como por exemplo, para entreter e desviar a atenção da realidade, tanto junto dos mais jovens como dos mais velhos, mas, de igual modo, também podem alertar para questões políticas, sociais e éticas de forma relativamente eficaz, como tem acontecido em alguns exemplos de grande projeção midiática e de impacto social. Além disso, podem estimular o processo de auto-conhecimento dos indivíduos e as suas relações sociais, nomeadamente junto dos mais jovens e do seu forte sentido grupal, originando debates de idéias e diferenças de opiniões, inicialmente adquiridas no campo do cognitivismo midiático e, aliás, intuídas pela generalidade das entidades reguladoras e outras entidades supervisoras das mídia ou de decisão política, embora o sejam, geralmente, apenas pela suas implicações mais negativas.
Portanto, o que o artigo traz de novo conceito sobre o tema diz respeito a que “o momento é apropriado para pensarmos em boas formas de alargar o campo ao desenvolvimento de alguma das características intrínsecas à natureza da televisão para criar, contar e compartilhar narrativas que sejam ‘úteis’ e que contribuam não somente para a democratização da sociedade, mas também para uma mudança de foco da completa banalização temática que assolou a comunicação social”.

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